O pé chato é um dos motivos que mais levam pais a consultórios ortopédicos. A prática do uso de palmilhas e botinhas incutiu na sociedade uma preocupação extrema com a conformação do pé da criança.
É importante esclarecer, no entanto, que quando a criança nasce ainda não possui o arco plantar (aquela curvinha existente no pé).
O recém-nascido tem ossos formados por matrizes de cartilagem, que ainda não estão calcificadas, e, por isso, seus pés são muito flexíveis e apresentam-se planos ou, até mesmo, levemente convexos.
O pé plano flexível assintomático não é uma doença, mas uma variação anatômica determinada geneticamente, quando não apresenta dor e nem rigidez.
O pé plano fisiológico, hipermóvel, decorrente da flacidez muscular e ligamentar normais da criança, tende a ajustar-se espontaneamente com o desenvolvimento do corpo, a perda da frouxidão ligamentar e a melhora da condição muscular.
Já o pé plano com rigidez das articulações (pé plano rígido), pode estar associado com fusões ou deformidade ósseas congênitas dos pés. Nesses casos ocorre perda do movimento de inversão e eversão do pé (para dentro e para fora).
Antigamente, era comum ver crianças utilizando botas e palmilhas especiais. Muitos familiares se baseiam no fato que eles usaram e a forma do pé “melhorou”. No entanto, nenhum estudo demonstrou qualquer efeito desses acessórios no desenvolvimento do pé. O “efeito” que era atribuído a elas na verdade era secundário à passagem dos anos. Há indícios, inclusive, que botas rígidas causem problemas devido à atrofia muscular resultantes, além do risco de trauma psicológico que a criança está exposta ao usar botas. Em certas ocasiões, palmilhas podem ser úteis para diminuir o desgaste do calçado e proporcionar maior conforto.